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Deus não negocia!

Aniss Ibrahim Sowmy
Agosto/2018

“De que me servem seus sacrifícios...” (Is 1:11)

“Pois misericórdia quero e não sacrifícios...” (Os 6:6)

“A fim de oferecerdes sacrifícios espirituais...” (1Pd 2:5)

Chegando, pois, a Jerusalém, e havendo entrado no Templo, começou a lançar fora os que vendiam e compravam no Templo, e derribou as mesas dos banqueiros, e as cadeiras dos que vendiam pombos... dizendo-lhes: “porventura não está escrito que a minha Casa será chamada Casa de Oração entre todas as gentes¿ E vós tendes feito dela um covil de ladrões! ” (Mc 11:15)

E chegaram a Ele cegos e coxos no templo; e os sarou. E quando os príncipes dos sacerdotes, e os escribas viram as maravilhas que Ele tinha feito e os meninos no templo gritando e dizendo: “Hosana ao filho de Davi! ” Se indignaram e lhe disseram: “ouves o que dizem estes¿” E Jesus lhes respondeu: “Sim. Nunca lestes que da boca dos meninos e dos que mamam, tiraste o perfeito louvor¿” e tendo os deixados retirou-se ... (Mt 21:12)

Cuida muito em te apresentares a Deus digno de aprovação, como um operário que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade... Ora, numa casa grande há não somente vasos de ouro e prata, mas, também, vasos de pau e barro, e, uns por certo são destinados a usos de honra, outros porem, a usos de desonra. Se algum, pois, se purificar destas coisas, será um vaso de honra santificado e útil para serviço do Senhor, preparado para toda a boa obra. (2Tm 15).

Para entender o que propomos neste artigo faz-se mister compreender as diferenças básicas da interpretação humana do Cristianismo do Oriente e do Ocidente. Enquanto na doutrina oriental ortodoxa entende-se a divinização do homem – “Deus fez-se homem para que o homem possa atingir a perfeição e se possa fazer “semelhante” a Deus, nunca “igual”, o ocidente simplesmente busca a justificação do homem; o ocidente bate forte na culpa original ou o pecado original cometido por Adão e Eva na teoria criacionista e para isto veio o Cristo, enquanto a ortodoxia entende a vinda de Cristo não só para redimir o homem do pecado original, mas, de todos os pecados, porque Deus acredita na bondade potencial humana.

Outro ponto é o dualismo ocidental entre corpo e alma, é a dicotomia apresentada por Santo Agostinho e Descartes, o espírito é forte, mas a carne é fraca. Já no oriente existe a unidade da matéria, do corpo e do espírito, isto é uma interdependência, então o livre arbítrio do homem prevalece de forma inequívoca na sua ação optativa.

No Oriente o louvor correto, culto correto e verdadeira experiência de adoração são imprescindíveis ao fiel ao mesmo tempo que os dogmas têm menor importância. No Ocidente os dogmas são indiscutíveis e defendidos com ardor, Cristo se torna vítima e praticamente perde o status divino justamente a quem todo louvor e glória são devidos.

Vemos João de Antioquia convencendo Nestor a aceitar a tese da Virgem Maria ser chamada Mãe de Deus, mesmo depois da declaração de heresia do Concílio. Nestor é tácito em dizer: “se é para o bem da Igreja que se diga que Maria é a Mãe de Deus assim seja, mas que não se glorifique Maria como Deus. ” Infelizmente esta passagem é pouco ou nunca divulgada e assim começaram as divisões na Igreja.

O Ocidente olha o sacrifício de Deus que tirou o pecado do homem e o “libertou” através da morte na Cruz enfatizando a morte de Jesus como redenção enquanto para o Oriente ortodoxo Cristo é o vencedor das forças do mal. Sua morte foi a consequência da ignorância do homem frente a Luz, por isso Cristo vem para ensinar e fazer o homem retornar ao Caminho da Verdade e da Luz. Seu sacrifício divino marginaliza todos os outros tipos de sacrifício, e este sacrifício é para a salvação eterna, uma nova aliança firmada entre Deus e o homem.

Finalmente quanto ao poder eclesiástico enxerga-se no ocidente, mais especificamente no papado um sistema monárquico e autoritário e consequentemente chega-se à sua infalibilidade pontifícia ou infalibilidade do papa. No Oriente, ao contrário, o poder eclesiástico tem sua autoridade investida desde o princípio na congregação dos fiéis. Não existe no cristianismo do Oriente nenhum indivíduo revestido de infalibilidade, em qualquer circunstância. Existe sim o poder espiritual sucessório dos apóstolos entre os escolhidos pela congregação de fieis para a imposição da mão.

Todo este preambulo e as citações iniciais são para que voltemos às origens do cristianismo onde Cristo mostra aos seus discípulos e aos fiéis que o seguiam da necessidade primordial de evidenciar a “bondade” no caráter das pessoas.

Deus chama por diversas vezes a atenção dos israelitas através dos profetas mostrando-lhes que de nada servem seus sacrifícios se não retomarem o caminho da bondade e da misericórdia.

Cristo expulsa os vendilhões do Templo como relatado em Marcos e Mateus e mostra aos príncipes dos sacerdotes e outros judeus que se arrogavam títulos e posições ao mesmo tempo que oprimiam e sobrecarregavam o povo com sacrifícios inúteis enquanto o perfeito louvor verdadeiro vinha da boca dos inocentes e que era justamente sufocado pela classe sacerdotal.

O exemplo da Paulo a Timóteo coroa a virtude humana baseada na bondade e na misericórdia fazendo do verdadeiro cristão, quer fiel, quer sacerdote, um vaso puro e é neste vaso puro que se depositará o Corpo e o Sangue do Cristo Salvador, portanto, vivificante.

Não nos deixemos enganar com falsos ensinamentos e falsos cristos ou profetas, desviando-nos do Caminho da Verdade e da Luz, o verdadeiro Caminho da Salvação.

A TV e o rádio, estão cheios de falas macias ou falas iradas, falsos milagres, tentando angariar fiéis em verdade somente em busca de bens materiais, poucas são as divulgações ou requisições de donativos para obras caritativas ou bondosas. Mas, muitos são iludidos.

Aprender nestes próximos cinco dias de jejum ou abstinência dedicados à Virgem Maria, Mãe de Deus, nossa intercessora primeira, não é sacrifício para Deus, mas para que nós mesmos, purificando nossas mentes das coisas materiais, olhemos em volta e termos certeza de estar no Caminho da Salvação, então, repetimos: “de que me servem seus sacrifícios” e eu acrescentaria “e suas promessas”.

No relato de Mateus acima Cristo cura cegos e coxos, não pede nada em troca, Ele mostra que não quer sofrimento, mas, alegria espiritual, sacrifícios espirituais, atos de misericórdia e bondade entre os homens, compreensão e perdão, aceitação e louvor ao Pai Celestial – tornando todo o trabalho da humanidade santificado e útil ao Senhor.

Olhemos para o mundo atual, guerras, perseguições, ódio, imoralidade, sodomia, vulgarização, dessacralização, simonia, assassinatos e roubos, e diga se é verdade o que Cristo afirmou: “Grande é a seara e poucos os trabalhadores! ”

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